
O Cinema-fora-dos Leões
apresenta a sessão de cinema pela paz
Quinta-feira, 3 de Março
CINEMA
OS CAVALOS DE FOGO /1965, Sergei Parajanov, 97 min.
18h00, Auditório Soror Mariana
Em reacção à recente invasão da Ucrânia, o C-f-L vem expressar o seu apoio a todos os ucranianos que lutam pela independência do seu país através da exibição do filme «Os Cavalos de Fogo» ou «Sombras dos Nossos Antepassados Esquecidos» (1965), do realizador Sergei Parajanov.
Tendo um dos principais argumentos para a invasão da Ucrânia sido o de não ser um país soberano, isto é, de não agregar uma comunidade detentora de uma cultura própria, este filme vem demonstrar justamente o contrário através da encenação de uma fábula das comunidades hutsul da Ucrânia.
Convidamos todos os espectadores a levarem peças de roupa quente, cobertores e/ou medicamentos para o Auditório Soror Mariana no horário desta sessão de cinema. Estes bens serão integrados nos conteúdos que estão a ser transportados para a Polónia.
Estão todos convidados para o cinema e para a luta!
Sessão às 18h00
AUDITÓRIO SOROR MARIANA
Universidade de Évora
Rua Diogo Cão, 8 | 7000-872 Évora | Portugal
"Aqui fica o artigo memorial - e, no seu habitual enciclopedismo insaciável, memorioso - de Augusto M.Seabra sobre o cinema ucraniano, em sentido muito lato (e, tempestivamente, problemático) da expressão.Vem muito a propósito do filmeOs Cavalos de Fogo (Serguei Paradjanov, 1965), mencionado hoje com honras centrais aqui nesta coluna de AMS, e que ontem, por certeira escolha do Luís Ferro, o Cinema-fora-dos Leões projectou no auditório Soror Mariana - com uma dilatada conversa final que mais nos sensibilizou reciprocamente a todos os (muito poucos) presentes, para a riqueza e complexidades da História e da Vida, quando exponenciadas pelo Cinema enquanto fulguração audio-visual de pensamento-que-faz-pensar.
Com efeito, Paradjanov em geral e, especificamente,Os Cavalo de Fogo,providenciam um fundamental case-study para dilucidar as muito complexas relações (aqui, situadas entre o plano socio-político e o da criação cultural), no seu processo histórico, entre a nacionalidade ucraniana - a Ucrânia como República Socialista Soviética - a URSS - a Rússia... e a actualidade, que também nos envolve a nós, espectadores de outra maneira da Ucrânia e do cinema.
Devo confidenciar, aqui que ninguém nos ouve, que nestas ocasiões me costuma assaltar esta reflexão: que, do índice médioanualde público cinéfilo (intrigantemente indexado ao das cotas hidrológicas, talvez por uma excessiva harmonia com a natureza), se depreende de forma consistente e persistente que 'Évora capital da cultura' constitui um galhofeiro, ostentoso oxímoro. Contrariamente ao senso comum, o cinema não é nem permite distracção: no ecrã, ele nunca é aquilo que é visto, mas aquilo que o que é visto dá a ver. Por via desse desdobramento actuoso da visão, ele é também, pois, uma forma real de atenção - e de prevenção "
Fonte : Comentário de JMM (4.3.2022)
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