o CINEMA-FORA-DOS LEÕES, em coordenação com o Departamento de Filosofia e o Departamento de Artes Visuais e Design, apresentam
- rubrica: História Permanente do Cinema (1)
AUDITÓRIO SOROR MARIANA
Quinta-feira, 25 de Maio, 21h30:
Amarcord (Federico Fellini, 1973: 127 min.)
- Apresentação e comentário: Nuno Neves UÉ
Escutemos Fellini, e por que razão ele nos aparece como a própria Itália, a quintessência da maneira de ser italiana:
"Quando, nos meus filmes, a carga lírica da minha inspiração, que é sempre um acto de amor, me permite esboçar um sorriso perante um rosto em lágrimas, estender a mão a quem está a ponto de cair na perdição, indicar o c...aminho a quem por todos se perdeu, oferecer um ideal a quem só sonhou com fantasmas, tenho a sensação de não atraiçoar ninguém, de ter feito o bem, não só aos outros, mas também a mim mesmo. (...)
(...) O cinema parece-se muito com o circo. É provável que, se não tivesse existido o cinema, (...) teria possivelmente optado por ser director de um grande circo, porque o circo é exactamente essa mistura de técnica, precisão e improvisação que tanto aprecio. É que, enquanto se desenrola o espectáculo ensaiado e repetido vezes sem contas, está-se a correr um risco - isto é, a vida está a ser vivida (...), criar e viver ao mesmo tempo. (...)
(...) Nos seus primeiros tempos, o cinema pertencia à feira e eu ainda o sinto um pouco assim. (...)
(...) Rosselini foi um factor determinante. Não no que diz respeito à minha maneira de ver as coisas, mas porque me ensinou a fazer filmes como se fosse fazer piqueniques com os amigos. Fez-me compreender que um filme é um momento da vida, que não há uma divisão nítida entre vida e trabalho, e que o trabalho é uma forma de vida. (...)
(...) Um filme é uma realidade viva: umas vezes tem de se obedecer às suas ordens, outras é preciso lembrar-lhe o seu próprio ritmo interno. (...) Gostaria de dizer que o meu sistema é não ter sistema: vou para uma história para descobrir o que ela tem para me contar. (...)
(...) Quando o estudo preparatório está acabado (...) alugo um escritório, sempre num sítio diferente e completamente desconhecido para mim. Depois envio um pequeno anúncio para os jornais que diz mais ou menos isto: «Federico Fellini está disposto a encontrar-se com toda a gente que o queira ver». Nos dias seguintes recebo centenas de pessoas. Aparecem todos os idiotas de Roma, incluindo a polícia. É uma espécie de casa de doidos surrealista, que cria uma atmosfera muito estimulante. Observo-os a todos com muita atenção e roubo a cada visita um bocadinho da sua personalidade. Um fascina-me com um tique facial. Outro interessa-me por causa dos óculos. às vezes acrescento uma personagerm nova ao argumento para lhe acomodar a cara nova que descobri. Posso ver mil para escolher duas, mas assimilo-as a todas. É como se me dissessem: «Olha bem para nós, cada um de nós é uma peça do mosaico que estás agora a construir»."
(Federico Fellini)
O casting de Fellini é a Humanidade.
asm - AUDITÓRIO SOROR MARIANA
Quinta-feira, 25 de Maio, 21h30:
Amarcord (Federico Fellini, 1973: 127 min.)
- Apresentação e comentário: Nuno Neves UÉ
... a vanglória política, e os seus humilhados
Sem comentários:
Enviar um comentário