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quarta-feira, 24 de abril de 2019

cine-liberdade


 Celebrar a  liberdade 



Torre Bela (1975)


O filme de Thomas Harlan é um exemplo de cinema revolucionário feito em cima do acontecimento e/ou pura e simplesmente material de propaganda sobre a luta dos trabalhadores que ocuparam as terras da herdade da Torre Bela, no Ribatejo. Ainda assim, mesmo sabendo como as imagens foram manipuladas pelo realizador para levar a água ao seu moinho, o documentário regista o movimento de ocupação de terras que levou à reforma agrária com a dose de ingenuidade e franqueza suficiente para ser um retrato sobre a dúvida e o desejo provocado pela mudança de regime.



Deus, Pátria, Autoridade (1976)


Na origem do título do filme de Rui Simões está um célebre discurso de Salazar, em 1936, no qual o ditador estabelecia as bases simbólicas e ideológicas do Estado Novo. A partir daí, Simões procede, através de imagens de arquivo, a uma espécie de autópsia do salazarismo, que é, em simultâneo e de forma até didáctica, uma desmontagem da sua origem e evolução ao longo de 48 anos, recuando até à implantação da República e prosseguindo pelo apoio da igreja, a repressão da oposição e a guerra colonial.



Outro País (1999)


Quando apresentou o seu primeiro filme, na Cinemateca, em 1999, Sérgio Tréfaut disse: "Voluntária ou involuntariamente, o meu objectivo foi desmentir – através dos filmes, das fotografias e dos depoimentos – a versão hoje banalizada da História, que reduz dois anos de revolução ao golpe militar de 25 de Abril e que transforma o protagonismo de toda uma população ao rubro no elogio de dois ou três militares." E é isso que o seu documentário é, escolhendo o realizador apresentar o seu ponto de vista a partir das imagens de fotógrafos e documentaristas de todo o mundo que, durante esse par de anos, procuraram em Portugal registar uma revolução.



25 de Abril – Uma Aventura Para a Democracia (2000)


No ano 2000, o cineasta Edgar Pêra fez esta curta-metragem documental e experimental, que remistura e sobrepõe imagens de arquivo. Do 25 de Abril de 1974, sim. Mas também dos tempos da ditadura salazarista, do processo revolucionário em curso e de manifestações posteriores, que só foram possíveis depois de conquistada a liberdade.






Cartas a Uma Ditadura (2006)


A partir de uma centena de cartas escritas, em 1958, por mulheres portuguesas, e encontradas décadas depois num alfarrabista, Inês de Medeiros descobriu como nessa época o regime procurou cativar as mulheres para se mobilizarem em defesa "da paz, da ordem, e sobretudo em defesa do salvador da pátria: Salazar".



48 (2009)


O eixo deste filme de Susana Sousa Dias foi encontrado pela realizadora num grupo de fotografias de cadastro de prisioneiros políticos do regime. Através destas imagens de rostos, a cineasta procura "mostrar os mecanismos através dos quais um sistema autoritário se tentou perpetuar, durante 48 anos", o que faz articulando essas imagens do arquivo da PIDE com a experiência de tortura e sofrimento narrada por testemunhas e sobreviventes dessas décadas de repressão.






Linha Vermelha (2011)


O exemplo de cinema revolucionário e/ou de propaganda que é Torre Bela, torna-se, neste filme de José Filipe Costa, motivo de uma análise da, digamos, técnica de Thomas Harlan na montagem do que lhe interessava para realçar a sua mensagem. Ao mesmo tempo revisitando gentes e lugares, Costa procura determinar qual o impacto do filme na existência dos ocupantes de então, recorrendo amiúde à memória dessas pessoas.



Estética, Propaganda e Utopia no Portugal do 25 de Abril (2014)


Para Paulo Seabra, o "25 de Abril fará da propaganda uma desenfreada exaltação, da estética um laboratório e da utopia uma excitação". E é isso mesmo que procura demonstrar no seu documentário (com a importante contribuição de depoimentos de Rui Afonso Santos, Helena Barbosa, Fernando Rosas, Augusto Cid, Charters de Almeida, Henrique Cayatte, Vítor Dias, José Araújo, Pedro Lapa, Rui Mário Gonçalves, Jorge Silva e Artur Portela) através da análise de cartazes políticos, cartoons, movimentos performativos diversos, ou mesmo da imprensa, principalmente as novas publicações surgidas com o 25 de Abril.

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