Comentário ao filme Breathless (À bout
de souffle) 1960
exibido no Auditório Soror Mariana no dia 23/3/2017
Notas
soltas….
Maria de
Fátima Nunes – U.E. – ECS / IHC-CEHFCi-UE
https://www.youtube.com/watch?v=4f9Dl--XBow [versão Fr.]
Mote:
para os franceses 1 segundo, são 5 minutos para uma rapariga americana em
Paris. Tempo de cinema da Europa, tempo
de olhar e filmar e narrar em imagens
Neste
Carrefour de emoções e de ação encontramos o jornalismo, a conferência de um
intelectual francês, mas com sotaque de pergunta americana, temos a imprensa
americana nas ruas de Paris, na Europa, pela
T-shrit de um(a) ardina nouvelle
vague e quase modelo de moda descontraída e de libertação da mulher. Calças
confortáveis, camisola riscas azuis cabelo curto, muito curto, e clamor de
forte sotque enfático – Herald Tribune
/ New York Times !
Mas tudo
começa numa estrada de floresta, tudo se desencadeia com árvores, bang, bang, e … jornais. Sempre muito presentes, jornais que provocam o
encontro nas ruas parisienses, jornais que também limpam sapatos, antes de
descer para o encontro marcado, jornais que trazem na primeira página a foto
não desejada.
Jornais, a
rádio são os instrumentos de com ligação entre o espaço publico e o espaço
privado. ..
Espaços Publico – espaços de
liberdade – a ardina americana, à descoberta da Europa
A arma BANG
BANB BANG, o take off de um filme, com uma inusitada ardina - rapariga, nova
bonita, americana, de calças justas e camisola às riscas, colada ao corpo
esguio e escultórico!
New York .
Herald Tribune… e on parle
anglaia, à Paris, dans les quartiers des
intelectuelles libres…
Um sopro de
liberdade para quem viu o filme em Portugal, nos anos sessenta. O tempo de ter
tempo para fugir e namorar e ter tempo para fugir e não ser encontrado. O preto
e branco que se conjuga com a música de fundo quase me permanência, a voz
humana, o assobio.
Registemos
que NÃO HÁ BANDA E MUSICA DE FUNDO – só quando o casal protagonista se esconde numa sala de cinema,
onde adivinhamos o filme, pelo barulho amplificado de fundo. A sonorização de À bout de souffle
são soufflés, assobios, breves trechos, por vezes em respiração,
respiração acossada com percussão musical… quase faz lembrar west side story - USA, 1961 - para outros contextos e para
outras cinematografias.
Registamos
os fantásticos bocados de conversa com um americano – editor – jornalista,
também em Paris. O mundo falava francês pelos anos sessenta! Não se pode
olvidar a cara da rapariga americana: símbolo de JUVENTUDE, mas não juventudes
enfileiradas em organizações políticas ou sob batura de Estado. Juventude, com
cabelo ao vento, juventude com liberdade de circular, de amar, de pensar, de
agir de vontade própria. Protagonistas! Jovens, o mundo pertence…. Espírito dos
anos 60 – verdes anos depois de uma década de «suor e trabalho, talvez
lágrimas», numa França de pós II GG.
Um reparo de
nota de contraste. Tempo de juventude de um tempo sem Guerra, sem mobilizações
de nações para a frente de batalha! Um tempo de Europa, não um tempo de
Portugal! Pensar como historiadora e como consumir doar de cinema, de revisitar
memórias da Europa e dos europeus.
Um espaço
público cenográfico marcado pela nova arquitetura de Paris – modernismo urbano vs. Arquitetura do ferro – Eiffel ou os
boulevards de 1900. Romper com a tradição! Mas, evocar uma memória nacional – toujrours – na imagem de uma multidão
que tem em fundo a MARSELHESA, tocada e ouvida!,
Imaginamos também, entoada!
E há também o espaço privado
O tempo no
quarto de uma pensão, barato, pequeno, preto e branco! Parece fechado, mas
repleto de liberdade, a janela é o ponto de fugo dos sonhos e dos diálogos. E
há um rádio – transístor - comunicar com o exterior, além dos jornais que
trazem o espaço público para o espaço privado! O papel do jornal em todo o
itinerário da narrativa.
E temos um
espaço privado, físico e emocional, Uma historia de amor. Fechada, a preto e branco.
E o suspense
final: CORROPPIO DE TROCA DE CARROS. Velocidade e tensão, mas também se MOZART e
olha-se as Editions da Gallimard,
de Paris!
Por fim, a
cena do tiro, os últimos 3 minutos, e um imaginário de memória que nos leva ao
início do filem - bang , bang, bang – eram tiros fingir!
Agora, sem
fôlego, tiros que atigem corpo de rapaz jovem em fuga, numa rua de boullevard de Partis, três.
À séria.
Sem sopro,
em fase terminal de um longo, muito longo souffle ….! Até cair no chão negro de asfalto de rua
parisiense, onde adivinhamos o rouge
do sangue!
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