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sábado, 1 de abril de 2017

cine-comentário

Comentário ao filme Breathless (À bout de souffle) 1960


exibido no Auditório Soror Mariana no dia 23/3/2017

Notas soltas….

Maria de Fátima Nunes – U.E. – ECS / IHC-CEHFCi-UE



Mote: para os franceses 1 segundo, são 5 minutos para uma rapariga americana em Paris.  Tempo de cinema da Europa, tempo de olhar e filmar e narrar em imagens

Neste Carrefour de emoções e de ação encontramos o jornalismo, a conferência de um intelectual francês, mas com sotaque de pergunta americana, temos a imprensa americana nas ruas de Paris, na Europa, pela  T-shrit de um(a) ardina nouvelle vague e quase modelo de moda descontraída e de libertação da mulher. Calças confortáveis, camisola riscas azuis cabelo curto, muito curto, e clamor de forte sotque enfático – Herald Tribune / New York Times !
Mas tudo começa numa estrada de floresta, tudo se desencadeia com árvores, bang, bang, e … jornais. Sempre muito presentes, jornais que provocam o encontro nas ruas parisienses, jornais que também limpam sapatos, antes de descer para o encontro marcado, jornais que trazem na primeira página a foto não desejada.
Jornais, a rádio são os instrumentos de com ligação entre o espaço publico e o espaço privado. ..



Espaços Publico – espaços de liberdade – a ardina americana, à descoberta da Europa

A arma BANG BANB BANG, o take off de um filme, com uma inusitada ardina - rapariga, nova bonita, americana, de calças justas e camisola às riscas, colada ao corpo esguio e escultórico!
New York .  Herald Tribune… e on parle anglaia, à Paris,  dans les quartiers  des intelectuelles libres…
Um sopro de liberdade para quem viu o filme em Portugal, nos anos sessenta. O tempo de ter tempo para fugir e namorar e ter tempo para fugir e não ser encontrado. O preto e branco que se conjuga com a música de fundo quase me permanência, a voz humana, o assobio.
Registemos que NÃO HÁ BANDA E MUSICA DE FUNDO – só quando o casal  protagonista se esconde numa sala de cinema, onde adivinhamos o filme, pelo barulho amplificado de fundo. A sonorização de À bout de souffle  são soufflés, assobios, breves trechos, por vezes em respiração, respiração acossada com percussão musical… quase faz lembrar  west side story  - USA, 1961 - para outros contextos e para outras cinematografias.
Registamos os fantásticos bocados de conversa com um americano – editor – jornalista, também em Paris. O mundo falava francês pelos anos sessenta! Não se pode olvidar a cara da rapariga americana: símbolo de JUVENTUDE, mas não juventudes enfileiradas em organizações políticas ou sob batura de Estado. Juventude, com cabelo ao vento, juventude com liberdade de circular, de amar, de pensar, de agir de vontade própria. Protagonistas! Jovens, o mundo pertence…. Espírito dos anos 60 – verdes anos depois de uma década de «suor e trabalho, talvez lágrimas», numa França de pós II GG.

Um reparo de nota de contraste. Tempo de juventude de um tempo sem Guerra, sem mobilizações de nações para a frente de batalha! Um tempo de Europa, não um tempo de Portugal! Pensar como historiadora e como consumir doar de cinema, de revisitar memórias da Europa e dos europeus.
Um espaço público cenográfico marcado pela nova arquitetura de Paris – modernismo urbano vs. Arquitetura do ferro – Eiffel ou os boulevards de 1900. Romper com a tradição! Mas, evocar uma memória nacional – toujrours – na imagem de uma multidão que tem em fundo a  MARSELHESA,  tocada e ouvida!, Imaginamos também, entoada!


E há também o espaço privado

O tempo no quarto de uma pensão, barato, pequeno, preto e branco! Parece fechado, mas repleto de liberdade, a janela é o ponto de fugo dos sonhos e dos diálogos. E há um rádio – transístor - comunicar com o exterior, além dos jornais que trazem o espaço público para o espaço privado! O papel do jornal em todo o itinerário da narrativa.
E temos um espaço privado, físico e emocional, Uma historia de amor.  Fechada, a preto e branco.

E o suspense final: CORROPPIO DE TROCA DE CARROS. Velocidade e tensão, mas também se MOZART e olha-se as Editions da  Gallimard,  de Paris!        
Por fim, a cena do tiro, os últimos 3 minutos, e um imaginário de memória que nos leva ao início do filem -  bang , bang, bang – eram tiros fingir!
Agora, sem fôlego, tiros que atigem corpo de rapaz jovem em fuga, numa rua de boullevard de Partis, três.
À séria.  
Sem sopro, em fase terminal de um longo, muito longo souffle ….!  Até cair no chão negro de asfalto de rua parisiense, onde adivinhamos o rouge do sangue!



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