Geronimo a lenda americana de Walter Hill
Sexta, 8/7 no CfL
auditorio sm
Sessão integrada no projecto No País do Cinemaª (CINED e Moving Cinema), em colaboração com a Associação Os Filhos de Lumière (com apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual e Direcção Regional de Cultura do Alentejo).
Sexta, 8/7 no CfL
auditorio sm
CURRIER, Nathaniel – The Death of Tecumseh. Washington, D.C.: Library of Congress, 1843. Litografia.
Curiosidade histórica: Tecumseh (1768-1813, líder índio dos Shawnee) foi morto em batalha por Richard M. Johnson (1780-1850) que viria a ser o nono Vice Presidente dos Estados Unidos da América durante a administração de Martin Van Buren.
GERONIMO: AN AMERICAN LEGEND / 1993, Walter Hill (115 min).
Sessão integrada no projecto No País do Cinemaª (CINED e Moving Cinema), em colaboração com a Associação Os Filhos de Lumière (com apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual e Direcção Regional de Cultura do Alentejo).
Resumo da discussão posterior ao visionamento do filme:
O intervalo de quarenta anos que separa os filmes Geronimo (Walter Hill, 1993) e Taza: Son of Cochise (Douglas Sirk, 1954) permitiu-nos estabelecer uma análise comparativa para discutir a revisitação histórica como modelo e veículo primordial do cinema ao serviço de narrativas políticas.
Estes dois filmes são o espelho um do outro. Retratam o mesmo período histórico e partilham o mesmo espaço físico. Porém, opõem-se. Douglas Sirk está empenhado em relembrar os feitos de Taza, filho de Cochise (histórico líder dos Chiricahua) que procurou a paz ao vestir o uniforme dos US, gesto que o tornou um herói para os americanos e um traidor para os índios nativos. Quarenta anos depois, Hill relembra Geronimo, um índio empenhado em não se submeter à vontade e desejo dos invasores vindos de nordeste, tomando um olhar nostálgico para o último grande índio que lutou para manter um povo/cultura até à última bala/flecha.
Partindo da noção de Edward W. Said de que a revisitação de memórias históricas de actos fundadores e a clarificação de feitos e personagens do passado consistem sempre na arrumação/eleição de determinados factos em detrimento de outros (ou como diz J. L. Borges a primeira acção para lembrar é esquecer), a exibição destes dois filmes explora o modo como a indústria cinematográfica americana revisita o seu passado e o imaginário do Oeste participando activamente na construção/manipulação desse mesmo imaginário. Durante a discussão de ontem, procurámos relacionar estas visões com o contexto político e social que sustenta os filmes e o percurso artístico dos seus realizadores, argumentistas e produtores.
A discussão centrou-se na noção de ‘verdade cinematográfica’ e o modo como os filmes épicos ou históricos começam por cobrar a sua existência no gesto selectivo de olhar para trás, que, dificilmente, poderá fazer justiça à parte dizimada. Pressupõe a revisão de noções de identidade e patriotismo, que favorecem os vencedores. Quando os filmes são complacentes com a parte destruída, como é o caso de Geronimo: An American Legend (1993), é sinal de que os índios já foram vencidos/eliminados. A indústria cinematográfica esteve empenhada na luta/conquista do Oeste (Taza/Sirk), mas após a sua conquista passou a vê-lo/representá-lo/dar-nos a vê-lo com saudosismo (Geronimo/Hill).
( Sessão apresentada por Jorge Branquinho e Luís Ferro )


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