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sábado, 6 de março de 2010

a morada

"Onde fica a casa do Amigo?»

Foi na aurora que perguntou o cavaleiro.

O céu parou um instante

O passante ofereceu à escuridão da areia

O ramo de luz que tinha nos lábios,

Depois, mostrando do dedo um plátano branco disse:

"Antes de chagares à arvore,

Há um caminho arborizado mais verde que o sono de Deus

Onde o amor á tão azul com a plumagem da sinceridade.

Irás até ao fundo deste caminho

Do qual emergirá a adolescência,

E virás na direcção da for da solidão.

A dois passos da flor,

Ficarás ao pé da fonte estrena dos mitos da terra.

E um medo transperente prendre-te-á.

Na intimidade ondulante deste espaço,

Ouvirás um certo sussuro:

Verás uma criança no cimo de um pinheiro esguio,

Desejando apanhar os passarinhos do ninho de luz

E perguntar-lhe-ás

Onde fica a casa do Amigo.»






Sohrab Sepehri - poeta persa (1928-1980)

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