O Cinema-fora-dos Leões,
e a Direção Regional de Cultura do Alentejo,
apresentam
Quinta-feira, 3 de Junho
CINEMA
UM LUGAR NA ALTA RODA / 1959, Jack Clayton, 113 min.
18h00, Auditório Soror Mariana
Integrado no ciclo de cinema:
Contra si mesmo o silêncio
Centenário do nascimento de Jack Clayton & cinquentenário da morte de Basil Dearden
O presente ciclo de cinema é uma dupla celebração: ao centenário do nascimento de Jack Clayton vem juntar a comemoração do cinquentenário da morte de Basil Dearden. De um só golpe, fica unida a obra e o pensamento de dois dos mais relevantes cineastas britânicos.
A pedra de toque entre os dois cineastas é o retrato extremamente crítico da sociedade inglesa dos anos 50 e 60: delirante (Os Inocentes), frenética (Ao Longo da Noite), disfuncional (Discussão no Quarto), assimétrica (Um Lugar na Alta Roda) e profundamente racista (Vítima e Safira). No seu conjunto, estes seis filmes expõem alguns dos problemas mais fracturantes do mosaico social, político e cultural britânico.
Mas há outra razão por detrás desta dupla celebração, porventura mais pertinente e actual: estes filmes vêm demonstrar a estreita ligação que existiu entre a indústria cinematográfica inglesa e a americana e francesa. Esta cumplicidade manifesta-se, sobretudo, na vasta presença de técnicos americanos e franceses nas fichas técnicas destes seis filmes. Egrégio exemplo disso é «Os Inocentes», cujo argumento é baseado no livro «A Volta do Parafuso», de Henry James, e a música é da autoria do ilustre compositor francês Georges Auric. Mais: em «Ao Longo da Noite», um dos músicos convidados que actua no filme é Charles Mingus.
Assim, na senda dos filmes a exibir, este ciclo de cinema dirige uma forte crítica à recente saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit). Celebrar estes dois cineastas é, assim, uma forma de demonstrar que, pelo menos no cinema, o Reino Unido nunca foi uma ilha solitária e perdida no Atlântico: muito pelo contrário, sempre esteve intimamente ligado às duas margens que o ladeiam, beneficiando dessa incessante interacção.
É para esta reflexão que convocamos os futuros espectadores deste ciclo.
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