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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

cinema fora dos leões

Sexta,  9/9



2  sessões


18h00 e 21h30


Oficina Filmar + Zéro de Conduite 



Zéro de Conduite de Jean Vigo na sua cinematografia flutuante e poética, com as suas cenas e montagem eficazmente desconexas, o movimento ‘travado’ da imagem  - como se a de um cineasta cego a tactear o fluir do visível -,  cria o precedente narrativo, e faz de ‘Zero das formas’ fundador para o núcleo principal de toda uma série de filmes que iriam retomar essa temática ao longo da história do cinema: a tomada da instituição disciplinar e hirta (em Vigo: um internato estranhíssimo, ‘surrealizante’) por um grupo de cabecilhas (os três do costume), na verdade pelo espírito benfazejo e maravilhado do próprio cineasta desta fantasmagoria da memória e da possibilidade, que mobilizará em seguida o ensemble da miudagem, se oporá carnavalescamente às festividades oficiais e, como Mary Poppins uns filmes adiante, desaparecerá (‘pops-out’) telhado acima, numa emancipação poética e libertária que, ajudada pela música ‘de marcha infantil’ assertiva e esfusiante, sairá  - a bambolear-se como uma troupe de pandas deliciados -  deste mundo para lá
Referíamos 'o zero das formas', aludindo à célebre expressão com que Kasimir Malevich se designava a si próprio na génese plástica do Suprematismo, e ligando esse zero criador a este zero em comportamento que, também ele, designa um arrasamento do institucional. E lá está a bandeira pirata do nosso cartaz para o confirmar: não será a bandeira do Atalante (o outro grande filme de Jean Vigo), mas é a caveira branca sobre fundo negro de um 'zero em comportamento', ali onde o quadrado negro sobre fundo branco constituía o 'zero das formas', numa comum vontade suprematista de escalar as alturas e 'vencer a gravidade terrestre'.

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