O CINEMA-FORA-DOS LEÕES apresenta
Sexta-feira, 11 de Dezembro, 21h30
AUDITÓRIO SOROR MARIANA
Cineclube da Universidade de Évora
O CASTELO / 1997, Michael Haneke, com apresentação de Pedro Sepúlveda*.
Seguem os seguintes filmes:
18 de Dezembro - Glória (1999), Manuela Viegas, com a presença e apresentação da realizadora Manuela Viegas.
Programação de Janeiro de 2016:
8 de Janeiro - Shadows (1959), John Cassavetes
15 de Janeiro - Derivas (2015 - filme sob confirmação), Ricardo Costa, com a presença e apresentação do realizador Ricardo Costa.
22 de Janeiro - The Naked Island (1960), Kaneto Shindô
29 de Janeiro - On the Bowery (1956), Lionel Rogosin
K., um forasteiro, chega a uma aldeia coberta de neve, regida por um Castelo que não se vislumbra. Sucedem-se os encontros com habitantes locais e K. vê-se enredado numa teia de esclarecimentos contraditórios, no seio de uma comunidade opressiva na qual não é possível integrar-se, mas de cujos constrangimentos não se consegue libertar. Em cada um dos seus interlocutores, súbditos de leis ditadas por uma ordem sem rosto, K. encontra a violência de um poder institucional anónimo, cujos fundamentos são tão inescrutáveis quanto o próprio Castelo, inalcançável através das estradas da aldeia.
Michael Haneke filma o romance homónimo de Franz Kafka, escrito em 1922 e publicado postumamente, assumindo uma fidelidade quase absoluta à sua fonte literária, que designa por “fragmento de prosa”. O Castelo (1997) tem como foco a violência anónima e desprovida de fundamento da aparente banalidade e naturalidade quotidianas, motivo que marca grande parte da obra de Haneke, desde logo Funny Games, realizado no mesmo ano, e, de forma ainda mais evidente, O Laço Branco (2009), filme que encontra em O Castelo o seu principal antecedente.
A particularidade do lugar e dos seus habitantes esvai-se na universalidade anónima da opressão que os define e na naturalidade que lhe dá corpo. A posição do protagonista K. permanece ambígua a este respeito, procurando, por um lado, modos de libertação da ordem imposta, permanecendo, por outro, refém da sua lógica. O desconhecimento da origem e dos fundamentos do poder, simbolizado no Castelo tanto distante quanto definidor das ações de cada um, é a marca decisiva da sua força opressiva.
* Pedro Sepúlveda é investigador de Pós-Doutoramento na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, onde ensina e coordena o projeto de investigação “Estranhar Pessoa: um escrutínio das pretensões heteronímicas” (www.estranharpessoa.com). Tem-se dedicado ao estudo de autores da modernidade literária e filosófica, assim como à edição da obra de Pessoa e à tradução de escritores de língua alemã. Publicou um ensaio decorrente da sua tese de Doutoramento, intitulado Os livros de Fernando Pessoa (Ática, 2013) e traduziu o livro Histórias de Imagens, de Robert Walser (Livros Cotovia: Colecção de Arte, 2011).
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